A
Evangelização da Cidade
“Não tenha medo, continue falando e não fique calado, pois estou com
você... porque tenho muita gente nesta cidade.” (At 18.10).
O mundo urbano constitui o grande desafio para a
tarefa da Igreja em nossos dias. Urbanidade e civilidade não são exatamente a
mesma coisa. Nem sempre uma cidade apesar de grande e desenvolvida anda em
compasso com o processo civilizatório. Alguns missiólogos e teólogos afirmam
que os grandes centros urbanos fazem parte do plano de Deus nos últimos tempos
para dar cumprimento à tarefa da Grande Comissão. Reunindo o maior número
possível de pessoas num mesmo lugar para que mais gente possa ouvir o chamado
para o Evangelho. As cidades são mosaicos humanos. Nos grandes centros estão
representadas as mais variadas etnias,
uma gama enorme de credos, religiões, filosofias e sistemas de vida. Também as
grandes mazelas humanas são colocadas na vitrine: violência, prostituição,
opressão, vícios, degradação moral, pobreza indigna e aviltante, desumanização
generalizada. Mais que desafios, mais que um diagnóstico simplista, a lista
supracitada se configura como uma porta aberta, como um campo de excepcionais
oportunidades para o testemunho de Cristo e o anúncio do Evangelho. E isto não
é uma novidade dos nossos dias. A Igreja nasce urbana, o Evangelho serve-se das
grandes cidades no início de sua proclamação para espalhar a verdade.
Jerusalém, Antioquia, Éfeso, Atenas e Roma são os centros difusores da obra missionária
na Igreja primitiva. Estas cidades eram centros religiosos, políticos,
comerciais, culturais e etc. Nestas cidades eram decididos os rumos da
sociedade humana. Ali, Paulo, Pedro, Barnabé, Apolo, Priscila e Áquila e tantos
outros realizaram o seu ministério. Com
os maravilhosos avanços da tecnologia, urbanidade deixou de ser uma questão de
densidade demográfica e extensão territorial. Urbanidade tem a ver agora com
mentalidade, estilo de vida, visão de mundo. As cidades menores apresentam hoje
muito das mesmas dificuldades dos grandes centros. Violência, tráfico de drogas,
falta de saneamento básico e às vezes tudo isso acompanhado da falta de
recursos para as áreas de saúde, educação, emprego e etc., contudo, o estilo de
vida e o padrão cultural são os mesmos das cidades maiores. A
Igreja local é a chave para um ministério eficaz na cidade. A Igreja
local reúne as condições necessárias para uma boa estratégia de missão urbana: 1.
É uma comunidade estável e inserida no contexto. As pessoas que a frequentam
convivem e estão inseridas no contexto cultural “extra ecclesia”. Moram, se
locomovem, trabalham, estudam e são necessariamente atingidas pelas demandas da
cidade. 2. É uma comunidade em permanente formação e contínuo
treinamento. Seus membros são equipados a cada semana e enviados com poder
espiritual a cada semana para o serviço do Evangelho no mundo. Seus
membros são formados e informados à luz da Palavra de Deus para responder aos
reclames de suas experiências na sociedade. 3. É uma comunidade
estruturada e vocacionada para o serviço. Estão conscientes de que não foram salvos
para si mesmos e que suas estruturas, como edifícios, recursos e etc., não
possuem fim em si mesmo. Fomos chamados para fora do mundo e uma vez
purificados e santificados, fomos devolvidos ao mundo para servi-lo com o
Evangelho, numa nova ética, com um novo estilo de vida, com outra visão e
compreensão da totalidade da vida. 4. É uma comunidade de homens e
mulheres engajados na justiça do Reino. Homens e mulheres que são comissionados para
levar o Evangelho às estruturas fundamentais da sociedade, que se inserem na
política, nos fóruns de elaboração e reinvindicação de políticas públicas e
desenvolvimento social. Que levam o fermento do Evangelho para o mundo
do trabalho, da universidade e da cultura. 5. É uma comunidade profética, que
se alinha ao lado dos fracos, dos vulneráveis, dos sem vez e sem voz. É uma
comunidade samaritana que se debruça sobre o homem caído, ferido, vilipendiado
para socorrê-lo em suas necessidades imediatas. É uma comunidade
libertadora, que oferece para além do imediato, o discipulado amoroso,
sistemático, que abranja toda a existência humana a fim de devolver a dignidade
humana e a liberdade de filho de Deus. Em fim, a Igreja local deve colocar-se
sempre na escuta diligente da Palavra de Deus e na leitura atenta dos sinais
dos tempos para reconhecer qual é a Missão comissionada por seu Senhor em sua
concretude histórica. Que a IPCI seja uma comunidade em estado
permanente de Missão Integral.
Reverendo Luiz Fernando
Pastor Mestre da IPCI
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