Memorial
“Porque, sempre que comerem
deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele
venha.” (1Co 11.26).
O sacramento memorial da paixão, morte e
ressurreição possui raízes profundas no Antigo Testamento. Jesus o instituiu na
noite anterior ao seu sacrifício na cruz, dentro do contexto pascal, durante a
ceia memorial da saída do Egito. O Senhor Jesus Cristo deu sentido pleno,
real, verdadeiro e espiritual àquela comemoração, agora em tudo muito superior
aos “feitos” de Moisés, do sangue nos umbrais das portas ou da travessia do mar
vermelho a pé enxuto. Agora, Jesus aponta para o seu sacrifício na cruz
que nos libertará de nossa escravidão mais profunda, a do pecado e da morte e
deles nos resgata por meio de sua vida entregue, do seu corpo macerado e de seu
sangue vertido. A eucaristia é memória e ação de graças por este evento único e
definitivo. A ceia do Senhor deverá ser celebrada pela Igreja entre a partida e a
volta gloriosa de Jesus, entre a ascensão e a parusia, a Igreja reunida
proclama a morte vitoriosa de seu Senhor e aguarda com ânsias de amor o seu
retorno triunfal. A celebração eucarística se confunde com a própria
identidade e história da Igreja. Nos primeiros dias de sua vida temos sinais
evidentes no Novo Testamento de que sua ministração era no mínimo semanal: At
2.142ss; 1Co 11.17ss.Lc 24.34; At 20.7 A prática dominical da ceia do senhor
pode ser atestada nos mais antigos documentos cristãos: A Tradição de Hipólito,
a Tradição de Justino; A Didaqué, a didascalia Apostólica; Os eucológios gregos
e os demais escritos dos pais da Igreja, todos compostos entre o final do
século I e século VII. Sem mencionar o testemunho indireto de autores pagãos
como Plínio, Josefo, Suetônio e etc., que levantavam suspeitas quanto ás
reuniões secretas dos cristãos, alguns até acusavam os discípulos de Cristo de canibalismo porque
“comiam carne e bebiam sangue humano” em suas reuniões semanais. Estes
testemunhos da história comprovam a celebração da eucaristia como parte integrante
e essencial do culto prestado pela Igreja. É estranha á índole e à natureza da Igreja reunir-se para a adoração
sem a ministração da ceia do senhor. Quem sustenta pensamento diverso não
poderá apoiar-se nem nas Escrituras nem na história da Igreja. Esta concepção
de celebrações esporádicas surgiu com Zwinglio, nos dias da Reforma em seu afã
de devolver à primazia ás Escrituras e a pregação. Contudo, Luthero, Calvino e
os Puritanos nunca foram partidários desta ideia. Todavia, por circunstâncias
históricas variadas ela prevaleceu em muitos contextos, sobretudo nas igrejas
mais jovens como as “americanas e latinas”. Há quem sustente que a ministração
da ceia em todos os domingos poderia banaliza-la. Ora, o sacramento é um meio de graça como a oração e a leitura das
Escrituras. Deveríamos orar e ler a Bíblia apenas uma vez por mês? Outros
afirmam que o culto ficaria mais longo o que cairia no desgosto de muitos!
Prefiro não comentar esta afirmação. Há ainda os que advogam que ela tiraria o
devido tempo do louvor e da pregação. Deixa ver se eu entendi: A Ceia então
seria um estorvo, um mal necessário? Por último, alguns preocupam com os gastos
com o suco de uva ou com quem vai fazer o pão. Se essas fossem todas as
preocupações de uma administração eclesiástica, nossa igreja seria quase um
céu, quase, exatamente pela demonstração de tão grande mesquinhez. A celebração
da eucaristia deveria ser dominical. Ela expressa a comunhão dos crentes com
Cristo e entre si. Ela sela as promessas da Palavra, nutre pela fé a nossa
alma, enche de santas disposições nosso coração para a piedade e a devoção e
nos desafia para uma vida de entrega, oblação e amor incondicional. Coisas para
as quais os elementos, os gestos, as palavras e a memória nos apontam em cada
pão partido e em cada cálice compartilhado. A partir de hoje na IPCI
todas as vezes que nos reunirmos para a adoração pública, cantaremos os
louvores de Deus, invocaremos o seu nome poderoso, oraremos no nome e na
autoridade de seu Filho, ouviremos o que o Espírito diz á Igreja por meio da
exposição da Palavra e nos assentaremos à Mesa do Senhor, relembrando o seu
sacrifício e vigilantes aguardando a sua volta. Maranatha!
Reverendo
Luiz Fernando
Pastor Mestre da IPCI
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