O Cristão, a Política, a Igreja e os Políticos
“Tenham cuidado para que ninguém vos
escravize com filosofias vãs e enganosas...” Cl 2.8
Correm os dias da campanha política. Meio morna
é verdade, mas ela está aí. Os importunos carros de som, muitos “santinhos” e
“informativos” infestam nossas garagens, e muitos sorrisos, apertos de mãos e
tapinhas nas costas sem fim não faltam. Tudo isso faz parte do jogo político e
de uma sociedade democrática e livre, excetuando-se os exageros, claro. Nestes
dias nossas igrejas e comunidades evangélicas são visitadas com certa
regularidade por candidatos e assessores. São
sempre bem-vindos para ouvir a Palavra de Deus e participarem com os filhos de
Deus da adoração. É verdade que muitos são verdadeiros alienígenas, suas
aparições só acontecem nessas ocasiões e depois sua indiferença para com a
Igreja e aquela comunidade de mulheres e homens cristãos volta para a mais
absoluta insignificância no ponto de vista da maioria deles. Não me queixo
disso, é apenas uma constatação. Afinal de contas, “ninguém vem, a mim [disse
Jesus] se o Pai não o enviar”. Contudo,
é meu dever de Pastor desta Igreja orientar o meu rebanho nesta tensa, às vezes
perversa, mas inescapável e necessária relação com as lideranças políticas, com
a política e com os eventuais oportunistas. 1º - fuja de um candidato que ofereça ajuda nos interesses da
igreja ou que ofereça a defesa de nossa causa. O maior interessado em defender
os interesses da Igreja é o dono dela, a saber, o Senhor Jesus Cristo e Ele
mesmo e nenhum outro poderá defendê-la. 2º
- Não dê confiança a um candidato que diga que quer fazer uma parceria, uma
“dobradinha” entre o governo ou mandato dele a e Igreja. A separação entre
Igreja e Estado não é apenas uma separação institucional, que na verdade é
saudável para ambos. Mas sim uma separação de natureza e propósitos. A
Igreja cumpre com sua missão e se realiza, e contribui para o desenvolvimento
da humanidade, da cultura e etc., fazendo o que lhe é próprio: testemunhando a
Cristo e seu amor, anunciando o Evangelho,preparando
homens e mulheres para servirem no mundo com os valores do Reino, cuidando dos
pobres, defendendo o direito dos órfãos, viúvas e etc...ou seja vivendo de
maneira profética emprestando sua voz aos marginalizados e desamparados. Já o Estado se torna o que deve ser, fazendo o que
lhe é próprio e nunca se intrometendo em questões religiosas e morais. 3º - Desconfie de um candidato que
prometa terrenos, praças, facilidades. Há uma hipoteca moral nisso aí. A grande
pergunta é, por que não nos procuraram antes, como cidadãos de bem querendo
contribuir ou apoiar algumas de nossas iniciativas sociais? Não temos mais
visibilidade agora em dias de campanha do que tínhamos antes e, de repente,
parece que tudo vais ser mais fácil... 4º
- A vida pregressa conta sim e a vida pessoal também. A Lei da “Ficha Limpa”
não pode vir a ser mais uma daquelas folclóricas iniciativas que não colam,
precisamos fiscalizar. Se o TSE não
ajudar e não cumprir com sua função, a responsabilidade fica conosco, de fazer
a escolha certa. Investigue o candidato, procure saber como está a sua “Ficha”.
Veja como administra os seus negócios particulares, se é um bom funcionário. Se
ele não souber administrar a própria vida o que o faz crer que ele administrará
bem a cidade? Se ele não é coerente, ético e zeloso como empregado ou
funcionário público o que o faz pensar que ele agirá com probidade e impessoalidade
na Câmara Municipal? 5º - Por
último, tenha cuidado com os políticos profissionais. A perpetuidade de muitas
de nossas misérias, inclusive a corrupção, é a permanência dos mesmos de
sempre, ou os do mesmo grupo. A alternância de poder, a rotatividade nas
lideranças, o arejamento das ideias são conquistas importantes da democracia e
são a maturidade do Estado de Direito. Evidentemente que só pelo fato de estar
envolvido há muito tempo com a causa política não faz de alguém um ser
desprezível. Existem autênticas vocações para o bem comum. Tampouco não quer
dizer que um novo nome, uma novidade, possa ser de per si, uma coisa boa. Como
eu disse, o voto é uma coisa séria, que não pode ser impensado. Não pode ser
passional, não pode ser seduzido (prostituído?). É um exercício de cidadania,
envolve critérios objetivos e éticos. Demanda pesquisa, investigação,
comparação, ponderação. Quatro anos é
tempo demais para errarmos. Verdadeiramente, voto não tem preço, tem
consequência. Penso nisso, ore por isso, e vote com compromisso.
Reverendo Luiz Fernando
Pastor Mestre da IPCI
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