Avivamento e Santidade
“Sem santificação ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
É inegável o crescimento evangélico brasileiro. Os números apontam para esta realidade não só em termos de membresia, mas também de estruturas. São inúmeras as agências missionárias, os centros de treinamento e capacitação em missões e teologia. Muitos ministérios e Ongs foram criados para a efetiva ação social, a educação ambiental e a conscientização ecológica. Hospitais, Centros de Saúde, Escolas e Universidades Confessionais estão presentes em todas as regiões do país e, como não podia deixar de ser, muitas igrejas locais experimentam tempos de crescimento. Eu, de minha parte, agradeço a Deus por estar vivendo em dias assim e por testemunhar este fenômeno da expansão da igreja evangélica brasileira. Todavia, me recuso a pastorear uma igreja que cresça sem santidade. É possível possuir até mesmo dons carismáticos como o de falar em línguas, ter visões e profecias, efetuar curas e etc., e, ainda sim não viver em santidade. A Igreja de Corinto é a maior prova bíblica do que estou falando. Nenhuma igreja do Novo Testamento apresenta uma riqueza tão variada de dons carismáticos, e poucas igrejas eram tão despossuídas de santidade como aquela. Imoralidades, complacência com o pecado, divisionismo e culto à personalidade a ponto de até a ministração da Ceia ficar comprometida. Não é à toa que o apostolo Paulo chama-os de “carnais” 1Co 3.1-3. “Mutatis mutandis” o mesmo pode acontecer com uma igreja onde tais dons não ocorram, mas que por ventura desenvolva trabalhos sociais, faça-se presente na sociedade, tenha um culto contemporâneo, vibrante, acolhedor e ainda sim não viva em santidade. Recuso-me a crescer assim, pela adesão e não pela conversão. Para juntar-se à Igreja, mas viver fora de Cristo, não! Quero servir em uma Igreja que deseja o avivamento espiritual como uma visita de Deus ao seu povo para trazer-lhe vida espiritual, uma experiência no âmago da alma para despertar e aguçar as faculdades para que todos discirnam a vontade Deus, odeiem o pecado, amem a pureza, desejem íntima comunhão com Deus e com os irmãos. O avivamento que precisamos pedir a Deus é aquele do quebrantamento do coração, da crucifixão do homem velho, da mortificação para pecado e do progresso da santificação, do crescimento na graça, da aquisição e prática das virtudes cristãs: paciência, bondade, longanimidade, amabilidade, compaixão, autodomínio, altruísmo, temperança, justiça, fortaleza, veracidade, lealdade, equidade, piedade e etc. O avivamento é uma graça e um poder irresistível que só começa na Igreja e que nunca se restringe somente à Igreja. Quando a avivamento vem a sociedade, a localidade, a região e até mesmo o país onde ele se dá são influenciados poderosamente. Por meio de uma igreja que experimenta o avivamento o Espírito Santo age restringindo a ação do mal, move o coração dos poderosos para o socorro e a proteção dos fracos, sensibiliza os homens que estão no poder para a melhoria geral e o bem estar de todos, começando pelos pobres. As artes em geral e a cultura servem ao fim de elevar o espírito humano fazendo da estética o instrumento da ética. Poderá haver em dias de avivamento sinais, prodígios, curas, milagres, pois o Espírito de Deus sopra onde, quando e como quer. Entretanto, as evidências que autenticam um verdadeiro avivamento são o retorno e o apego ás Escrituras para o conhecimento de Deus e a práxis da vida cristã. Altíssimo apreço pela santidade e forte compromisso com a transformação do mundo. Paixão pelos perdidos e engajamento missionário e evangelístico. Todo avivamento começa no púlpito e se manifesta a partir dele, com pregações exclusivas, exaustivas, expositivas da Bíblia, a Palavra de Deus com verdadeiro deleite e obediência do povo reunido. Quero uma Igreja grande e forte para poder servir mais e melhor. Quero uma Igreja rica de dons, recursos humanos e financeiros para tornar mais visível e presente no mundo a justiça do Reino de Deus. Quero uma Igreja apegada incondicionalmente à Bíblia para anunciar com clareza e poder as excelências de Cristo. Quero uma Igreja pobre de si mesma, desapegada, humilde, sem vaidade, sem apego ao poder, longe do clarão dos holofotes, mas ajoelhada ao pé da cruz. Sobretudo, quero uma Igreja Santa para que os homens ao verem as nossas obras glorifiquem EXCLUSIVAMENTE o nosso Pai que está nos céus. “Soli Deo Glória”
Reverendo Luiz Fernando
Pastor da IPCI
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