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terça-feira, 24 de abril de 2012

MENSAGEM PASTORAL


O Martírio Moral

“Vós ainda não resististes até o sangue em vosso combate contra o pecado!” (Hb 12. 4 BJ).

Sábado passado uma adolescente aqui de nossa Igreja estava distribuindo folhetos evangelísticos na “praça da Matriz”. Muitos aceitavam com simpatia e de bom grado os folhetos, sempre entregues de modo gracioso e nunca de maneira ostensiva. E mesmo os que se recusam a aceitar, em sua maioria, o fazem com muita elegância e nunca com grosserias. Mas, de repente, nossa adolescente ao abordar um dos transeuntes, foi surpreendida com um ataque visceral à Igreja Cristã de maneira geral e ao protestantismo e presbiterianismo de maneiras particulares. Foram minutos de um constrangimento que só não foi maior porque nossa irmãzinha não tinha a noção de muitas afirmações históricas ali distorcidas. O ápice da acusação, que eu presenciei, foi a participação de Calvino na execução do médico Miguel Serveto. Daí, a conclusão do homem e o seu conselho para a nossa irmãzinha, não ser possível seguir uma religião com líderes do naipe de um “assassino” como Calvino. Para começar a história, não foi Calvino, mas a Inquisição Espanhola quem acusou, julgou e sentenciou Serveto condenando-o à morte. Este fugiu para a Genebra onde Calvino era pastor. A participação de Calvino no episódio é relativa e serviu mais para garantir que a justiça fosse feita, e neste caso, para testemunhar que tais atos tipificavam, àquela altura da história, crimes compatíveis com tal sentença. Aqui termina toda a participação que Calvino teria ou qual fosse a sua influência no episódio. Talvez Calvino pudesse se preservar e abster-se de comparecer para evitar esta mancha em sua biografia, mas grandes homens não fogem das grandes questões! Doutro lado, conquanto aceitemos as contribuições teológicas de Calvino, decididamente nós não o seguimos. Não o temos como nosso cabeça e chefe, pelos mesmos motivos que não reconhecemos tal autoridade no Papa ou em qualquer outro, ainda que seja um eminente Pai da Igreja. Temos por cabeça e chefe o Senhor Jesus Cristo “autor e consumador de nossa fé(Hb 12. 2) e só a Ele seguimos como alguém sem pecados, mancha, erro, mentira ou defeitos. Este episódio da praça vivido por nossa adolescente me faz pensar em algumas coisas importantes para todo o andamento pastoral da Igreja e para a vivência frutuosa dos cristãos presbiterianos na cidade de Itapira. 1º) Verdadeiramente precisamos estar preparados para dar as razões da nossa esperança, 1 Pe 3.15. E para isto precisamos observar o seguinte: Cultivar uma vida devocional profunda e disciplinada, com leitura Bíblica e oração fervorosa; Preocupar-nos com o bom proceder para com os de fora: Cl 4.5 e finalmente, participar com assiduidade dos momentos de treinamento e formação como a Escola Bíblica Dominical e as outras iniciativas oferecidas ao longo do ano eclesiástico. 2º) Ter sempre a consciência de que somos enviados como ovelhas entre lobos: Mt 10.16 e por isso mesmo precisamos ser “prudentes como serpentes e simples como as pombas”. Isto significa que não há proveito algum para o Reino de Deus a troca de acusações entre Igrejas e Religiões e nem mesmo a polêmica é algo que deva ser alimentada pelos que anunciam o Evangelho: “é orgulhoso e nada entende, esse tal que mostra um interesse doentio por controvérsias e contendas acerca de palavras, que resultam em invejas e brigas, difamações e suspeitas malignas...” (1Tm 6.4) e ainda: “evite se envolver em discussões acerca de palavras; isso não traz proveito, e serve apenas para perverter os ouvintes.” (2Tm 2.14). Evidentemente que estes textos não autorizam a Igreja e o crente a abrirem mão da defesa de sua fé. Mas, com discernimento, saberemos a hora e como defender a honra de Cristo e do Evangelho, e esse momento requererá, além do devido preparo intelectual, muito mais de unção, graça e demonstração de poder espiritual. 3º) Uma última consideração: “O mundo nos odeia(Jo  15.1 ss), porque não lhe pertencemos e porque nossa mensagem, bem como a pureza de nossa vida o incomoda (pelo menos deveria ser assim). Este ódio do mundo revela a sua desesperada necessidade de nossa presença e de nossa palavra. Essencialmente diferentes de tudo o que ele conhece. À nossa aproximação ele tem reações agressivas que só revelam seu péssimo estado espiritual. E isto deve constranger-nos à perseverança de irmos ao seu encontro, ainda que seja, como num martírio moral, sujeitos às provocações, na simplicidade das crianças e adolescentes entregando uma mensagem que há de alcançar muitos para Cristo!
                                                                                          Reverendo Luiz Fernando
Pastor da IPCI

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