Submissão – Segunda parte
“Sujeita-vos, pois, a Deus;
resisti ao Diabo e ele fugirá de vós.” (Tg 4. 7).
Na espiritualidade cristã, com
solida fundamentação bíblica, liberdade e submissão não são termos que se
excluem, antes, se exigem para que haja verdadeira paz no coração. Quando as
duas coisas estão em oposição há um desequilíbrio patológico, pois
se a submissão for entendida e ensinada em termos legalistas, corremos o risco
de viver um formalismo religioso estéril, uma busca de perfeccionismo
farisaico, criamos uma atmosfera hostil e gélida, sem caridade, um ajuntamento
de acusadores cruéis e sobretudo um espírito de derrotismo e pessimismo
toma conta do nosso coração ante a impossibilidade da perfeição pretendida. O
legalismo cria mentes escrupulosas e obsessivas. O contrário disso é o
antinomismo, ou seja, uma vida sem leis, sem regras, sem limites.
Aqui também as coisas não são melhores, almas ficam febris sempre desejosas de
novas experiências, nunca satisfeitas, passamos a desenvolver um apetite voraz
em busca de prazer e sensações gozosas. A liberdade sem limites produz homens e
mulheres não menos cruéis. Aliás, em tudo são até mais perigosos que os
legalistas. Nada põe freio ou intimida a sua necessidade de autossatisfação.
Como dizia Dostoiewiski: “Se não há Deus,
então tudo é permitido.” Os extremos são assim sempre perigosos. A
submissão requerida por Deus e ensinada nas páginas das Escrituras diz que não
há maior liberdade do que sujeitar-se de coração à condução e ao governo de
alguém que não pode errar, que não faz cálculos e que não trabalha com
probabilidades. Deus não “joga dados”, não faz apostas e
jamais promete o que não pode ou não quer cumprir. Esta submissão da vontade e
este acatamento da autoridade de Deus é um ato de fé e é justamente aqui a
vantagem do cristão. Pois, ao sujeitar-se amorosamente a Deus, este recebe do
Senhor uma autonomia libertadora,
isto é, capaz de descentralizar a vida de seu ego inflamado, de não mais
vitimizar-se frente aos dissabores da vida, passa a desenvolver uma gratidão
quase incontida porque conhece os planos amorosos de Deus, mesmo que eles sejam
inescrutáveis. Não se deixa prender pelo fatalismo inocente mas imobilizador, antes
aprende a integrar em sua vida as dores, as perdas,
as derrotas em algumas batalhas como um processo de humanização e de abertura
espiritual, o que evita endurecimento de coração, embrutecimento dos sentidos e
a amargura endêmica da alma. Evidentemente, Deus não violenta a
consciência e nem mesmo a vontade de suas criaturas. Longe disso, fomos criados
como sujeitos morais, logo, somos responsáveis por nossas escolhas livres. Por
isso mesmo quando optamos por viver ao sabor de nossos caprichos passamos a
viver centrados na busca de dar sentido e gozo a nossa existência e nas
dificuldades passamos a desenvolver a síndome da vítima do universo,
acreditamos que para nós tudo é mais
Reverendo Luiz Fernando
Pastor Mestre da IPCI
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