Advento
“Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo.” (Is 11.1).
A Igreja Presbiteriana Central de Itapira fez a opção por ser uma igreja com um culto mais litúrgico, sem prejudicar evidentemente, a primazia da Palavra de Deus. Antes, pelo contrário, em nossa concepção e em nossa prática, a abundância da Palavra pode ser testemunhada em cada parte de nosso culto, nas antífonas, litanias, hinos, e claro, no ensino e pregação. Decidimos como Conselho, observar o ciclo anual de um calendário litúrgico que nos fornecesse a possibilidade de ler a aplicar os 66 livros das Escrituras ao longo dos 52 domingos do ano civil. Assim é que observamos as estações do Advento, Preparação para a Páscoa, Semana da Paixão, Tríduo Pascal, Tempo da Páscoa e Tempo Ordinário. Contudo, nossa observância não é estática ou mecanizada. Não nos permitimos o engessamento do culto, permanecemos abertos á iluminação e a criatividade do Espírito Santo que nos orienta com liberdade a celebrar os mistérios de um Deus vivo atuando em nossa história contemporânea. Neste domingo iniciamos a estação litúrgica do Advento, tempo em preparação para a festividade do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a carne. É claro, não comemoramos a data exata, mas o fato verdadeiro da Encarnação do Verbo que como afirma o credo niceno: “E, por nós, homens,e para a nossa salvação, desceu dos céus: Se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da virgem Maria, e se fez homem.” Todavia, há muito tempo o Natal foi mercantilizado, secularizado, esvaziado de seu sentido cristão e preenchido de lendas pagãs, costumes e tradições que em nada nos remetem ao cumprimento das promessas bíblicas de um Messias desde Gn 3.15 até seu apogeu em Gl 4.4. Por isso mesmo, um tempo como o do Advento nunca foi tão necessário para a Igreja e para o cristão, para fazer-nos todos voltar ao cerne desta festa cristã, á contemplação terna e amorosa da fidelidade do Pai em dar-nos o seu Filho para ser o nosso salvador. O tempo do advento tem uma dinâmica interessante, nas duas primeiras semanas as leituras bíblicas, os hinos e a tônica do culto levam-nos a contemplar a eminência da segunda vinda de Jesus, agora, não mais envolto da fragilidade humana e não mais na vulnerabilidade de uma criança indefesa, mas revestido de glória e majestade, como Senhor absoluto de todas as coisas e salvador da Igreja. Virá sobre as nuvens, todo olho o verá como juiz temível de quem nem mesmo a morte poderá livrar. E assim, a Igreja é ensinada a não se deixar impressionar e prender-se à transitoriedade desta vida e enquanto peregrina neste mundo deve aguardar com ânsias de amor a volta de seu Noivo. Já nos dois domingos próximos o advento quer prepara-nos, então, para uma bíblica e espiritual festa do natal. Recordamos e estudamos as profecias do Antigo Testamento com todas as suas riquezas de detalhes: uma virgem, o tronco de Jessé, um menino nos é dado, a cidade de Belém e etc. Depois convidados ás efusivas ações de graças já nas páginas dos Evangelhos ao contemplarmos como em telas: A anunciação, a estrebaria iluminada, os pastores e o coro angélico, os magos e seus significativos e proféticos presentes. O tempo do advento é uma pedagogia que quer devolver aos nossos corações já afetados pelo mundanismo que tomou de assalto o Natal, a capacidade de nos sensibilizarmos com as promessas já cumpridas da parte de Deus em nosso favor. Quer levar-nos á redescoberta das grandes lições que o Natal pode oferecer ao cristão: a humildade de Deus em rebaixa-se até a nossa condição; A solidariedade de Deus em vir ao encontro de nosso sofrimento; a obediência e a disposição de Maria e de José em acatar a vontade do Pai; A insistente busca pela verdade dos magos; a alegria espiritual dos pastores e dos anjos; A sacralidade da vida humana que deve ser protegida e a santidade da família que deve ser preservada como santuário da vida e escola de virtudes, como a santa família de Nazaré. Bom seria se as mães fossem como Maria. Se os pais fossem como José, e os filhos como Jesus de Nazaré, o mundo seria bem diferente e o Natal também.
Reverendo Luiz Fernando
Seu amigo e servidor
Ah reverendo... gostaria muito que mais pastores agissem e pensassem assim tbm. Sinto falta da busca (e coragem, muitas vezes) por uma liturgia que honre e glorifique ao nosso Deus! Que bom que sua igreja recebeu o privilégio de tê-lo como seu pastor!
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