Um capítulo negligenciado da Reforma: Os puritanos!
“Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mt 5.48).
Logo depois que os ventos da Reforma Protestante varreram a Europa, uma geração de gigantes surgiu na terra dos homens: Os puritanos. Sua história e a sua importância para a Reforma da Igreja e do ocidente, infelizmente, está cercada de equívocos, ignorância e muito preconceito em nossos arraias evangélicos. Em termos gerais os puritanos são mais ignorados do que necessariamente desprezados em se tratando de Igreja Evangélica Brasileira. Existe, contudo um movimento de despertamento e de renovado interesse sobre esses homens que viveram entre os séculos XVI e XVIII. Todavia, também este movimento peca pela radicalização, e, não raras vezes por desejar uma volta a costumes culturais e eclesiais próprias de uma Inglaterra Elizabetana ou de uma Nova Inglaterra (USA) dos Pais peregrinos, tão incompatíveis com a nossa época como o ferro á carvão. Entretanto, a maioria dos críticos ácidos à riqueza da herança puritana nasce mesmo da ignorância e da superficialidade, próprios de nosso tempo tão sem densidade, tão sem profundidade bíblica, teológica e moral. O termo puritano foi empregado pela primeira vez na década de 1560, com referência àqueles protestantes ingleses que consideravam as reformas feitas sob o reinado da rainha Elizabeth incompleta e clamavam por uma purificação da Igreja. Evidentemente que esse termo fora aplicado de forma pejorativa por aqueles conformados com uma igreja inundada de superstições e cerimônias vazias, com uma sentida ausência das Escrituras e de um compromisso com a santificação. Os puritanos abraçaram cinco causas ou interesses principais: 1. Pesquisavam as Escrituras com o fim de aplicá-la a todas as áreas de suas vidas. 2. Nunca se cansavam de proclamar a graça Eletiva de Deus, o amor sacrificial de Jesus e a obra do Espírito Santo aplicando a redenção às vidas dos pecadores. Eram fascinados por uma vida cristã experimental. 3. Acreditavam e defendiam a importância da Igreja nos propósitos de Cristo. Por isso, acreditavam que o culto fosse a realização, a encarnação de sua fé bíblica por meio de uma pregação clara e séria que revelaria a vontade de Deus para a Igreja e o Governo. 4. Buscavam nas Escrituras as luzes necessárias para solucionar os problemas da vida nacional de seu tempo, inferindo da Bíblia os deveres dos governantes e do rei. 5. Insistiam na conversão pessoal e abrangente, por isso elaboraram, com base na Bíblia, uma acurada descrição do que o cristão deve ser em sua vida interior, diante de Deus, e em todos os seus atos e relações nesta vida, no lar, na igreja, no trabalho e na sociedade. Os puritanos eram, em sua maioria, homens letrados, eruditos, mestres e doutores. Quase todos eram clérigos ou ministros da Palavra. Não eram todos iguais e nem defendiam as mesmas idéias sempre. Havia entre eles, episcopais, independentes, congregacionais e presbiterianos, não havia um padrão único, a não ser o compromisso com a essencialidade da Palavra de Deus, a Glória de Cristo, a Pureza da Igreja, a Santidade dos cristãos, a paz e a prosperidade da sociedade. Buscavam modelar a vida pelas exigências das Escrituras, uniam a doutrina á prática da vida e da piedade. Para alcançar os corações falavam antes às mentes, por isso valorizavam a erudição e a inteligibilidade da pregação, mas sem pedantismo, com simplicidade e clareza, sempre! Confrontavam a própria consciência com as Escrituras a fim de transformá-la para servir a Cristo e tendo o foco sempre nele, ensinavam a enfrentar as tribulações e os revezes da vida: “A aflição é o pó de diamantes com o qual Deus dá polimento às suas jóias.” Por fim, ensinaram a verdadeira espiritualidade: A contemplação da sublime vocação dos santos e sua luta contra o pecado, vivendo entre o já e o ainda não do Reino definitivo. Oremos para que Deus tenha misericórdia de nós e de nosso tempo, sem gigantes, dominado por pigmeus na fé, e levante dentre o seu povo homens e mulheres da mesma têmpera destes titãs do cristianismo cujo principal objetivo de vida seja reivindicar a glória e o Senhorio de Cristo sobre a Igreja e o mundo.
Rev. Luiz Fernando
Pastor da IPCI
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