“Sed Semper Reformanda”
“Quanto a nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, para sempre te daremos graças; de geração em geração proclamaremos os teus louvores.” (Sl 79. 13 ARA).
Nossos reformadores cultivaram e ensinaram a humilde idéia de que a Igreja necessita sempre de ser reformada. Estavam conscientes de que a obra por eles iniciada não era suficiente e nem era uma tarefa definitiva. Conheciam sua fragilidade, sua pecaminosidade, bem como as astúcias de Satanás e as seduções do mundo sempre presentes nesta vida a promover grandes confusões e dissabores. Portanto, em cada geração a Igreja deve esforçar-se para corrigir seus desvios, purificar-se do acúmulo de suas humanas tradições e costumes que possam empalidecer o brilho das Escrituras e retornar a simplicidade e solenidade de um culto racional e espiritual, despido de elementos mais afeitos ao prazer dos homens que ao agrado de Deus. A Igreja de nossos dias carece, quase desesperadamente, desta reforma bíblica. Na Europa e Estados Unidos talvez devesse ser o caso de uma Reforma do tipo reavivamento ou refundação da Igreja em uma cultura pós-cristã, anti-evangélica e secularizada. No Brasil, apesar destes elementos já poderem ser encontrados, nosso problema parece-me fundamentalmente outro. Necessitamos mesmo de uma Reforma Bíblico-Religiosa, uma Reforma da Igreja. Experimentamos por aqui a pujança de um evangelicalismo pentecostalizado em suas muitas matizes, nossa sociedade ainda é bastante religiosa, sem querer dizer com isto que ela é cristã. Todavia, nossa igreja evangélica brasileira apresenta traços de esquizofrenia. Vivemos dias difíceis, complexos, confusos, mas plenos de oportunidades que clamam por esta Reforma. A igreja evangélica no Brasil deixou marinar no caldo do ressentimento (legítimo muitas vezes), um fortíssimo sentimento anti-católico acrítico e preconceituoso e sempre pegou pesado e bateu de frente com uma religião vazia de Bíblia e afetada de supertições vazias e muitas vezes opressoras. Contudo, com o passar dos anos a Igreja evangélica foi passando por um processo estranho de desbiblicização, foi abandonando o estudo criterioso e sério das Escrituras e importando experimentalismos religiosos de visões, sonhos, viagens espirituais, revelações. No esteio deste abandono o analfabetismo bíblico que assola muitas denominações, inclusive a Presbiteriana do Brasil (haja vista que o Reverendo Adão Carlos do Nascimento, diretor do Seminário Presbiteriano do Sul em Campinas, afirmou ha duas semanas no programa Verdade e Vida que muitos pastores nunca leram a Bíblia de Gênesis a Apocalipse, sequer uma vez na vida), também um estilo de culto personalista e centrado no gosto do homem cujo fim é proporcionar prazer e deleite nos adoradores ganha cada vez mais espaço em muitas comunidades. Este culto antropocêntrico precedido pelo analfabetismo bíblico, produz uma ética minimalista, narcisista e uma moral de ocasião e conveniência, pois não sendo Deus o centro para o qual convergem as nossas vidas em forma de adoração e obediência, o que nos resta é peregrinar atrás das motivações de nossos corações corruptos e enganadores (Jr 17.9). A Reforma de que tanto precisamos na Igreja Evangélica brasileira passa pela redescoberta das Escrituras como fonte única, exclusiva e inegociável na formação do caráter, na educação cristã e religiosa, na fundamentação do culto e da adoração, como referência para a avaliação ética e para a formação da moral. A Bíblia precisa ser colocada na Igreja como o pressuposto de todas as suas iniciativas e ações. Precisa ser alçada novamente como instância final, como malha fina para por a prova “os espíritos” para ver se são de Deus. A Reforma antes de ser uma atitude mental e uma decisão da Igreja, deve antes ser desejada e pedida em oração contínua e submissa. Deve ser clamada pela Igreja para que Deus desperte a liderança, aqueça o coração dos membros e dê a todos nós a inabalável certeza de que “O Senhor, teu Deus, te dará abundância em toda obra de tuas mãos... se deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos... se te converteres ao Senhor de todo o teu coração e de toda a tua alma.” (Dt 30.9.10).
Rev. Luiz Fernando
Pastor Mestre da IPCI
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