Henry Martyn
A primeira missão cristã relevante aos
muçulmanos foi conduzida no século XIII, por Raymond Lull. Entretanto, nos
séculos seguintes, as terras muçulmanas foram negligenciadas em comparação com
campos missionários “mais produtivos”. Isso mudou no início do século XIX. Henry
Martyn é descrito, algumas vezes, como o missionário protestante pioneiro para
os muçulmanos.
Martyn nasceu em Cornwall,
na Inglaterra, em 1781. Ele gostava muito de estudar e, depois de terminada sua
educação formal, seguir para Cambridge, onde brilhou no curso de matemática. Apesar de ter voltado suas costas a Deus na
juventude, ele foi impelido por uma combinação de fatores a fazer uma
reavaliação de seus valores espirituais. A morte do pai, a influência dos
amigos e da família e os escritos de David Brainerd, uniram-se para levá-lo à
transformação espiritual e à visão para as missões no estrangeiro.
Martyn passava muitas
horas todos os dias em oração e devoção a Deus, e o celibato era sua opção para
poder se dedicar inteiramente às coisas celestiais. Assim foi até conhecer
Lydia, por quem se apaixonou perdidamente. Apesar da ardente paixão, o jovem
sofreu muito e decidiu manter-se firme em seus propósitos missionários.
Em 1803 foi ordenador curador e, dois anos
mais tarde, sacerdote anglicano e capelão da Companhia das Índias Orientais. No
verão de 1805 partiu para a Índia. Chegando lá, logo foi encorajado a
dedicar-se à tradução. Como capelão, suas principais responsabilidades eram
junto aos empregados e às famílias da Companhia, mas sentia grande inclinação
às missões. Ele serviu em postos militares por quatro anos, pregando a europeus
e a hindus, estabelecendo escolas e traduzindo o Novo Testamento para o urdu e,
mais tarde, para o persa e árabe.
Martyn tinha profunda confiança nas
Escrituras, sentimento expresso com paixão. Ele tinha tanta segurança no poder
do texto traduzido que acreditava que as “Escrituras rivais” seriam postas de
lado- que o Alcorão seria relegado à insignificância.
O trabalho de tradução prosseguia, mas a
temperatura tórrida da Índia Central agravou a saúde de Henry Martyn. Em 1810,
com seu Novo Testamento em urdu já pronto para ser impresso, partiu para a
Pérsia, esperando recuperar a saúde e, ao mesmo tempo, revisar suas traduções
para o persa e árabe. Nesse tempo escreveu também tratados que armaram o
cenário para os debates com os estudiosos muçulmanos. Quando sua saúde
melhorou, deu continuidade à tradução persa, mas logo seu estado piorou
novamente.
O trabalho de tradução do jovem Martyn foi
amplamente reconhecido. Uma viagem por via terrestre à Inglaterra, em 1812,
parecia a única solução para seus problemas de saúde, sendo também uma
oportunidade para que renovasse sua relação com Lydia. Ela havia rejeitado seus
convites para que fosse à Índia e se casasse com ele, mas, mesmo assim, ansiava
por vê-la novamente e dizer-lhe em pessoa o que estivera colocando nas cartas
nos seis anos anteriores. Mas a oportunidade nunca chegou. Ele morreu na Ásia
Menor no outono de 1812, aos 31 anos. Ao chegar à India, ele ecrevera em seu
diário: “Que seja oferecido um holocausto para Deus”. E assim foi.
Fonte: TUCKER, Ruth: Missões até os confins
da terra.