Hosana
ao Rei
“O Senhor é
Deus, ele é nossa luz; adornai a festa com ramos até as pontas do altar” (Sl 118.27).
Diferentemente do Natal quando o máximo que podemos
fazer é comemorar o fato, pois a data nos escapa por completo, a Páscoa,
contudo, possui registros bíblicos e históricos confiáveis. A Crucifixão de
Jesus teve ano, dia e hora em 14 de Nisã do ano 30, supliciado por volta das
nove da manhã rendeu seu espírito ao Pai por volta das 15h00. Então, recordamos
não só o fato histórico, real, mas também relembramos reverentes, contritos e
exultantes a data mais importante do calendário cristão. A Semana da Paixão do
Salvador Jesus se inicia com a ‘Entrada Triunfal’ em Jerusalém uma semana
antes. É popularmente chamada festa de Ramos e nós encontramos vestígios de um
festival religioso com ornamentos de ramos e palmas já no Antigo Testamento.
Parece mesmo uma festa que possuía um ritual processional, como registra o
Salmo 118.27. Uma leitura mais atenta indica uma liturgia com a presença do Rei
nas dependências do Templo. Jesus, ao aproximar-se de Jerusalém, vindo pelo
caminho de Betfagé, para revelar com precisão a sua identidade messiânica e para obedecer
ativamente à vontade de seu amoroso Pai cumprindo nos ínfimos detalhes as
Escrituras: “Alegre-se muito,
cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e
vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta”
(Zc 9.9), “Bendito é o que vem em nome do
Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos” (Sl 118.26), entra aclamado
Rei entre as hosanas de um povo em festa. A antiguidade cristã registra já a
existência desta solenidade nas Igrejas orientais desde o final século II e no
ocidente já na metade do século III como nos informa o diário da peregrinação de
Egéria, rica prova testemunhal da dinâmica e da vida das igrejas no século IV. O que importa para
nós, distantes queestamos no tempo e na
cultura destes eventos, é aproveitarmos com inteligência esses dias
para aprofundar ainda mais o nosso conhecimento destes eventos redentores
checando as Escrituras e comparando as promessas com o cumprimento e tomar mais
decididamente posse destas verdades para o nosso consolo, conforto e
confirmação na fé. Também com inteligência devemos aproveitar estas ocasiões em
que muitos olham para o cristianismo e a igreja, levados por muitos interesses,
para lhes anunciar o Evangelho da Salvação. A semana da paixão não
possui nada de diferente ou de místico dos outros dias, a não ser esta
maravilhosa oportunidade que temos para expor Jesus Cristo o Senhor e Rei
diante do mundo. E é exatamente isso que a festa de Ramos nos propicia, a ocasião de
proclamarmos Jesus Cristo como o Rei Messias esperado das nações, o
príncipe da Paz. Jesus é o descendente de Davi, o que possui o cetro régio
sobre as nações, é o anjo da Paz, o ‘Cabeça’ da humanidade o Rei dos Reis e
Senhor dos Senhores da terra. Não é à toa que a Igreja indica a cor litúrgica
vermelha para o dia de hoje, sinal inequívoco da púrpura real, mas não aquela
de César, não aquela dos poderosos deste mundo, menos ainda aquela com a qual
foi escarnecido pelo soldado romano. Esta púrpura que o unge e consagra Rei e
lhe confere direito de reivindicar o senhorio absoluto e incondicional
obediência e homenagem é a púrpura de seu sangue real derramado em seu
suplicio, vertido em sua cruz e aspergido quando seu lado foi perfurado pela
lança. Com esta púrpura ele se distingue e se credencia para governar a tudo e
a todos submetendo inclusive a morte sob o escabelo de seus pés. Ao entrar em
Jerusalém Jesus não se deixou impressionar pelo alarido da multidão. Jesus não
se deixou bajular pelos gritos e declarações de piedade e reverência daqueles
que pelo caminho estendiam as suas vestes e seus ramos. Jesus sabia que a sua
missão ainda estava incompleta. Jesus conhecia os intentos de seu Pai Santo e
Justo a quem desejava glorificar acima de qualquer outro propósito. Jesus não
se deixa deter e caminha decidido para a cruz. Celebrar a festa de Ramos é
entrar no seguimento radical de Jesus, é não desejar outra coisa mais do que a
glória do Pai, é viver em conformidade com as Escrituras e não se desviar do
encontro com a Cruz. A Igreja precisa urgentemente retomar o caminho para a
cruz sem se deixar impressionar com os louvores e a bajulação a sua volta. O Pai deseja ser
glorificado! Hosana nas alturas!
Rev. Luiz Fernando Dos Santos
É Ministro da Igreja
Presbiteriana do Brasil em Itapira
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