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terça-feira, 9 de setembro de 2014

MENSAGEM PASTORAL

Tolerância e Exclusividade de Cristo. Seria possível?

“Quem tem o Filho, tem a Vida!” (1Jo 5.12).

Vivemos em plena ditadura, a mais cruel das ditaduras e ninguém se dá conta ou reclama. Estamos sob o regime ditatorial do relativismo, do pluralismo radical, daquilo que os eruditos chamam de pluralismo filosófico ou hermenêutico.  Este é o mais perigoso e sério desenvolvimento da pós-modernidade, é a postura de que qualquer noção de uma declaração ideológica ou religiosa em particular é intrinsecamente superior a outra é necessariamente errada. O único credo absoluto é o credo do pluralismo! Nenhuma religião tem o direito de se destacar a si mesma correta ou verdadeira. Mas, nenhuma outra instituição tem o direito de defender verdades universais e absolutas. Não há mais que se falar em ética, mas em muitas éticas, pois há muitas verdades. Tudo depende da percepção, da conveniência e do subjetivo. Esta hermenêutica radical é um processo de desconstrução dos princípios que regeram e fundaram a cultura ocidental sobre os valores judaico-cristãos e até aqui, o que apresentaram no lugar não passou de falácias e o homem não se viu numa condição mais livre, mais feliz ou superior. Antes pelo contrário, o que assistimos dia a dia é uma cultura do efêmero, dos excessos, da ostentação, do consumismo. Encontramos todos os dias personalidades desintegradas, pessoas sem identidade correndo atrás do sentido da vida fazendo toda sorte de testagens. O ícone pop desta cultura e quem sabe seu melhor intérprete talvez tenha sido mesmo o Raul Seixas e a sua sociedade alternativa com sua metamorfose ambulante. Cada um deve fazer o que “der da telha”, cada um deve viver em contínua transformação e mudança de opinião sem jamais possuir nenhum princípio ou balizamento moral. A ditadura do relativismo, como em toda ditadura, tem lá os seus mecanismos de coerção. O primeiro deles é consumismo irresponsável e doentio. O Consumismo traz a ideia de que não possuir e não consumir tal bem, Marca ou modelo ‘é não-ser’, não existir socialmente, não         poder interagir culturalmente. O consumismo, através do marketing agressivo, gera enormes falsas necessidades apelando para as fraquezas e vulnerabilidades mais expostas das pessoas, de modo que elas desenvolvem verdadeiro pânico de se virem alienadas e não aceitas em seu círculo social. E, para manter cativos os homens gera-se esta cultura vertiginosa de um novo lançamento e uma nova moda (sempre descartável e superficial) a cada semana. O segundo mecanismo desta ditadura é a indústria do entretenimento pelo entretenimento. As artes, as produções culturais, a TV, o Cinema, a indústria fonográfica não possuem quase ou nenhum interesse em comunicar qualquer sentido à realidade. Nem mesmo se prestam para fazer uma leitura crítica do homem e do mundo. O que desejam é explorar o universo sensorial do homem comunicando algum prazer, na maioria das vezes, explorando a sensualidade através de paixões desgovernadas, bizarras e doentias. Há toda uma indústria que banaliza a violência, a morte e desmistifica a sacralidade da vida em todos os seus estágios, coisificando assim a existência humana e embrutecendo toda uma geração. Mas, este tipo de entretenimento alienante também aportou nas Igrejas Evangélicas. Não poucos púlpitos e programas de cultos também exploram o bizarro e o dantesco manipulando emoções e carências sem nenhum pudor e sem nenhum compromisso ético. Muito da subcultura cristã gospel não produz coisa alguma além de música comercial com letras e melodias que por pouco não são confundidas com mantras. Neste contexto secularizado, de múltiplas escolhas, de relativismo levado às últimas consequências como viver a nossa fé cristã? Algumas pistas: 1. Jamais ceder à tentação de uma igreja “Avestruz”. Não podemos, em face de tantos e complexos desafios da cultura contemporânea enfiar a cabeça em um buraco e fingir que não temos nada a oferecer, nada a compartilhar e assumir um papel irrelevante; 2. Não podemos nos deixar capitular à mentalidade da época e assim assumir nosso lugar neste mosaico, neste caldeirão de “muitas verdades” e nos contentar com um discreto papel coadjuvante; 3. Não podemos ser intolerantes e segregacionistas. Não podemos assumir um papel arrogante e sairmos por aí simplesmente acusando, difamando e destruindo reputações. Longe de nós tais coisas; 4. Precisamos sim em amor, com genuíno e desinteressado amor, com lógica racional, apego à verdade e a Justiça, apresentar a exclusividade de Cristo e sua Superioridade sobre as pessoas em primeiro lugar e só depois às suas ideias; 5. Precisamos, na dependência do Espírito Santo, convencer de que não somos os donos da verdade, absolutamente. Mas, servos dela. O caos do relativismo é a grande chance dos cristãos e da Igreja a partir de sua vida integral e íntegra, apresentar um sistema e um estilo de vida que responda a todas as inquietações do homem e da sociedade. Neste mundo plural a singularidade de Cristo faz todo o sentido!
Rev. Luiz Fernando - É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

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