Visão Humanizadora da Espiritualidade Cristã
“Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.” Gl 5. 16.
Aproveitando as minhas férias, pois descansar em Deus também faz parte da espiritualidade integral, apresento outro artigo de autoria de um pastor amigo, desta vez o pastor batista Gilberto de Souza. Lembrando que em 2012 a ESPIRITUALIDADE será o tema central de nossa vida comunitária. Em 2012, ao lado de nosso aprofundamento como Igreja Missionária, queremos ser também uma igreja que cultiva e vive as disciplinas espirituais como uma via de amadurecimento espiritual na relação com Deus, conosco mesmo, com o próximo, o meio ambiente e por fim com a prática e a vivência da Missão Integral. Desejamos despertar em cada crente o anelo pelas coisas do alto, pela lectio divina, oração centrante, contemplação, jejum libertador e etc. Tudo isso para desenvolver um caráter santo e comprometido com a glória de Deus por meio da obediência à grande Comissão. Boa leitura.
“Ao falarmos em espiritualidade, não podemos deixar de pensar nos dois extremos que a compõe. De um lado temos a supervalorização da espiritualidade em detrimento da nossa humanização, e de outro, temos a humanização da espiritualidade que nada mais é do que entender que somos também constituídos de carne e ossos. Há aqueles que alegam que a compreensão da espiritualidade tem trazido alguns prejuízos, pois, tenta tirar do ser humano o que lhe é mais característico, a humanidade. Desta forma, dizem que há uma busca de uma espiritualidade divinizadora do ser humano e não humanizadora. Isto quer dizer, que o ser humano que busca tal espiritualidade pensa ser invencível, ou pensa estar em um nível tão superior que acaba separando a vida secular da vida espiritual. Já a espiritualidade propriamente dita, embora seja uma expressão religiosa, a princípio, tem a ver com o relacionamento de Deus com o ser humano, e não pode de maneira alguma ser confundida com algum tipo de capacidade espiritual inerente ao ser humano. Para entendermos melhor a questão da visão humanizadora da espiritualidade cristã, devemos observar atentamente o que o apóstolo Paulo diz em I Co 6.20: “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”. É através do corpo que expressamos nossa espiritualidade em adoração, obediência e honra a Deus. Em Romanos 12.1, Paulo ainda diz mais: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Portanto, não pode haver divisão entre a vida espiritual e vida secular. Seria a mesma coisa que viver uma vida santa dentro da igreja, e no mundo uma vida profana. “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.” (I Co 3.16,17). Vocação como chamado à vida: Na realidade a idéia de chamado aqui, é a oportunidade dada a todos, de igual modo, como por exemplo, a vida. Todos nascemos com oportunidades. É certo dizer que nem todos nasceram em berço de ouro, mas assim mesmo, gozamos do direito de escolha dado por Deus. E esse direito é dado a todos de modo igual. Se alguém sofre por não ter um teto, um lar, uma vida, foi devido a escolhas feitas no decorrer de sua história. Se alguém tem um relacionamento conturbado, não tem paz nem alegria de viver, isto com certeza está vinculado as suas más escolhas do passado. Costumo dizer que, assim como somos tudo aquilo que comemos, também é certo dizer que somos tudo aquilo que escolhemos. A vida que temos e o que somos são um reflexo de nossas escolhas. A vocação, como chamado à vida tem haver com o que temos a oferecer a Deus. E a resposta é “nada”. Não temos absolutamente nada a oferecer, pelo contrário, é Deus quem nos oferece a vida e nos chama para uma santa vocação em Cristo Jesus. “que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos.” (II Tm 1.9) Deus é quem nos chama e vocaciona para a vida. Podemos falar de uma espiritualidade humanizada e humanizadora, pois não poderemos nos abstrair de nossa humanidade ou de nossa espiritualidade, uma vez que o que somos o somos pelo chamado de Deus e o seu poder em nós, portanto posso dizer que nada mais espiritualizante que a nossa humanização no modelo de Jesus Cristo. ‘Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz.’ (Fp 2.5-8).”
Pr. Gilberto de Souza
Ministro da Igreja Batista
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