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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MENSAGEM PASTORAL

O Natal e a consciência do Cristão
“Hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lc 2.11).

Comemoramos hoje uma das principais festas do calendário cristão, superada em importância apenas pela solenidade da Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo. O Natal apresenta para a adoração e a meditação da Igreja o mistério inaudito da Encarnação do Verbo, a desconcertante realidade do milagre da humanização do Filho de Deus, inconcebível para a mente do homem, dos anjos e mesmo do inimigo. O Natal, como já ensinava João Crisóstomo, é o princípio das humilhações de Cristo que alcançará o seu clímax em sua paixão, morte e sepultamento. Desde a anunciação do anjo Gabriel o que vemos é um amor autossacrificial e de auto-esvaziamento. Deus em igual poder, honra e glória com o Pai, da mesma natureza e substância, Jesus “abriu mão de sua glória”, nasceu na periferia do império Romano, tendo as portas fechadas à sua chegada, veio ao mundo numa estrebaria, trocou seu trono de glória por uma manjedoura, um humilde carpinteiro foi seu pai adotivo em lugar do Artífice do Universo. Viveu como pobre operário, desacreditado por seus parentes e conterrâneos, teve por discípulos simples pescadores e trabalhadores sem grande expressão. Entre seus seguidores não faltam ex-prostitutas, adúlteros, ladrões e excluídos da sociedade. O Natal é por assim dizer uma chamada à Igreja e ao cristão para uma vida fundada nos essenciais da fé, tendo em vista tão grande amor demonstrado neste evento que hoje celebramos com júbilo na liturgia. Por isso mesmo, penso que a palavra de Leão Magno, que foi bispo em Roma entre os anos 440-461 pode jogar luz sobre a nossa consciência para bem celebrarmos a festa. “Dos Sermões de Leão Magno”: Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. Nosso Salvador, amados filhos, nasceu hoje; alegremo-nos. Não pode haver tristeza quando nasce a vida: dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade. Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, aquele que destrói o pecado e a morte, não tendo encontrado nenhum homem isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque é convidado ao perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida. Ao chegar a plenitude dos tempos, fixada pelos insondáveis desígnios divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconcilia-lo com o seu Criador, de modo que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que ele antes vencera. Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos, exultantes de alegria, cantam: “Glória a Deus nas alturas” e anunciam: “Paz na terra aos homens de boa vontade”. Eles vêem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não devem alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim se rejubilam? Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, compadeceu-se de nós; “ e quando estávamos mortos por nossos pecados, fez-nos reviver com Cristo” para que fôssemos nele uma nova criação, nova obra de suas mãos. Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne. Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade, e já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Recorda-te de que foste arrancado do poder das trevas e levado para a luz e o reino de Deus. Pelo sacramento do batismo te tornaste o templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de Cristo.”
                                                                                           Reverendo Luiz Fernando
    Pastor da IPCI

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